Outras sequelas

Neglect ou Inatenção Hemiespacial Seletiva

 

Alteração do equilíbrio 

Após um Acidente Vascular Cerebral podem surgir alterações no equilíbrio, tanto sentado como de pé, que podem afetar a postura e a posição corporal, levando a dificuldades em realizar algumas atividades básicas do dia-a-dia, em estar de pé e caminhar.

De seguida, seguem-se alguns vídeos exemplificativos de exercícios de treino de equilíbrio que pode realizar no seu domicílio.

Poderá começar por exercícios de treino de equilíbrio sentado e progredir para exercícios de treino de equilíbrio em pé.

Caso apresente um défice importante de força muscular de um dos membros inferiores, que o impeça de estar de pé, não deverá realizar os exercícios de treino de equilíbrio em pé.

É fundamental que numa fase inicial realize estes exercícios pelo menos com supervisão de outra pessoa, ou até mesmo com a ajuda dessa pessoa, para diminuir o risco de queda.

Se, porventura, não conseguir realizar algum dos exercícios demonstrados, não desanime, lembre-se de que nem todos os doentes têm os mesmos défices e que alguns exercícios poderão ser mais exigentes.

O seu médico orientá-lo-á de acordo com que for mais aconselhado para si.

 

1. Exercícios de treino de equilíbrio sentado


A. Exercício de inclinação lateral do tronco

B. Exercício de inclinação para a frente e para trás

C. Exercício de rotação do tronco

D. Exercício de alcance de objetos

E. Exercício de rotação e alcance

2. Exercícios de verticalização

 

3. Exercícios de treino de equilíbrio em pé – nível básico

 

A. Elevação dos calcanhares

B. Deslocamento lateral, para a frente e para trás

C. Passo lateral cruzado

D. Alcance para a frente

 

4. Exercícios de treino de equilíbrio em pé – nível avançado

 

A. Um pé à frente do outro, estático

B. Marcha pé-antepé

C. Apoio num pé

D. Marcha atrás

Disfagia

O que é a Disfagia?

A disfagia é a dificuldade em engolir, ou seja, em fazer passar os alimentos sólidos e líquidos da boca até ao estômago.
A deglutição (ato de engolir) implica a correta formação do bolo alimentar (massa de comida a deglutir) e a capacidade de fazer passar essa massa até ao estomago, sendo um processo que envolve a participação de vários músculos, nervos e glândulas. No caso dos doentes com disfagia, os músculos da boca, da língua, da faringe e/ou do esófago tornam-se fracos ou não estão coordenados uns com os outros.
Nos doentes com disfagia, há uma falta de coordenação entre a deglutição e a respiração, uma vez que durante a deglutição, as vias respiratórias que deveriam estar encerradas, e no doente com disfagia encontram-se parcial ou totalmente abertas. Por este motivo, existe o risco de o alimento ou bebida que é deglutido ir para as vias respiratórias (pulmões) em vez de ir para o estômago, fenómeno denominado aspiração (que se associa a um risco de mortalidade).

Quais as causas para a disfagia?

A disfagia pode ter várias causas, que são distintas dependendo se a disfagia for esofágica (e aí o problema está na estrutura do esófago) ou orofaríngea (na qual o problema está nas estruturas da boca, língua e/ou faringe).
A disfagia esofágica pode ser causada por doenças gastroenterológicas como sendo a acalásia, o espasmo esofágico, os tumores do esófago, entre outras.
A disfagia orofaríngea pode ser causada por doenças neurológicas (como o Acidente Vascular Cerebral, por tumores, entre outras.
Na disfagia causada pelo AVC, que afeta até 1/3 dos sobreviventes a esta doença, há principalmente dificuldade na deglutição de líquidos, e esta pode ser reversível. Devem ser tomados todos os cuidados até haver evidência clínica de que não tem disfagia.

Qual as principais consequências da disfagia?

1. Impacto na qualidade de vida das pessoas;
2. Risco de desidratação: Estima-se que 75% dos doentes com disfagia estejam desidratados; ocorre pela redução da ingestão de água, que surge muitas vezes no contexto do medo de engasgamento.
3. Risco de desnutrição: Estima-se que até 25% dos doentes com disfagia estejam desnutridos; ocorre quando a ingestão de alimentos não é suficiente para alcançar as necessidades nutricionais diárias, o que se traduz num desequilíbrio do estado nutricional.
4. Pneumonia de aspiração: Devido à alteração ou ausência do reflexo da tosse pode ocorrer passagem de alimentos/líquidos para as vias respiratórias causando infeção.

Quais os sinais ou sintomas de disfagia?

1. “Engasgar-se” frequentemente, durante ou depois das refeições.
2. Tosse, durante ou depois das refeições.
3. Mudança de voz (voz molhada/nasalada) após ingestão de alimentos ou líquidos.
4. Perda de saliva ou comida pelos cantos da boca.
5. Alimentação lenta e com esforço, com necessidade de várias deglutições.
6. Cansaço ou falta de ar durante ou depois da refeição.
7. Acumular comida no interior da boca, mesmo após ter engolido, durante as refeições.
8. Retorno do alimento à boca ou escape pelo nariz.
9. Dificuldade em engolir comprimidos.
10. Necessidade de modificar a consistência dos alimentos, recusa/evicção de alimentos sólidos ou líquidos.
11. Sensação de ter comida “colada” na garganta.
12. Refluxo ou sensação de queimadura.
13. Perda de peso.
14. Infeções respiratórias frequentes.

Nem sempre a disfagia se acompanha destes sinais, pelo que é importante ter-se sempre em atenção o risco associado de uma aspiração silenciosa (ou seja, a passagem de partes de comida para os pulmões sem sinais ou sintomas clinicamente detetáveis)

Que cuidados deve ter se tem disfagia/se é cuidador ou familiar de uma pessoa com disfagia?

Cuidados gerais

1. A alimentação deve ser feita num ambiente calmo e sem distrações.
2. A pessoa deve estar bem desperta e deve ser solicitado que não fale enquanto come.
3. A pessoa deve estar sentada corretamente (não estar reclinada, mantendo o tronco direito, a 90º com os membros inferiores); se necessário pode haver um posicionamento com almofadas, devendo a pessoa ter os pés apoiados no chão e o pescoço e cabeça alinhados); a cabeça deve estar ligeiramente inclinada para a frente e para baixo enquanto está a engolir.
4. Se a pessoa conseguir alimentar-se sozinha, deve fazê-lo, mas idealmente com supervisão. Assim, a refeição deve estar ao alcance da pessoa, e devem ser providenciados os utensílios apropriados. Caso a pessoa ainda não consiga alimentar-se sozinha, o cuidador deve colocar-se sentado em frente à pessoa e fazer contacto visual, aproximando a colher da boca pelo centro.
5. Deve utilizar-se uma colher para a alimentação, não muito cheia (de preferência de sobremesa).
6. Deve haver uma verificação se a pessoa engoliu tudo, antes de oferecer a próxima porção.
7. Para os líquidos deverá usar-se um copo de boca larga e bem cheio. Não usar palhinhas. Em caso de necessidade recorrer a espessante.
8. Deve ser assegurado que a refeição está à temperatura adequada.

Cuidados com o tipo de dieta

As modificações específicas da dieta de cada doente deverão ser discutidas com a equipa de reabilitação que o acompanha.
Alguns doentes não podem ser alimentados pela boca, toda a alimentação/hidratação é feita por via alternativa, através de SNG (sonda nasogástrica) ou PEG (Gastrostomia Endoscópica Percutânea), e desta forma garante-se a hidratação e nutrição adequada, sem risco para a sua vida. Estas soluções podem ser provisórias.
Se possível deve ser adotada uma dieta com várias pequenas refeições diárias, ao invés de 3 grandes refeições.

Cuidados para pessoas com dificuldades em engolir alimentos sólidos

1. Sempre que poder, triture os alimentos no mesmo momento em que os vai consumir.
2. Triture e passe os alimentos preparados para que tenham uma textura uniforme.
3. Evite a presença de grumos, ossos, espinhas ou filamentos.
4. Pode adicionar leite ou molhos para conseguir texturas suaves.
5. Não adicione mais líquido do que o necessário ao triturado pois, poderá reduzir o seu valor nutricional.
6. Evite alimentos pegajosos, tais como o leite condensado.
7. Não inclua diferentes consistências no mesmo prato, nomeadamente líquidos e sólidos simultaneamente (por exemplo: leite com cereais, sopas muito líquidas com pedaços de hortaliça; canja).
8. Evite as frutas e legumes com sementes que não podem ser separados (uvas, melancia, laranja, etc.) e os alimentos que aderem à parede da boca (bolos secos), porque dificultam a formação do bolo alimentar.
9. Não utilizar alimentos que facilitem o refluxo gastro-esofágico (“azia”): comida picante, ácida, fritos, café, chá, chocolate e coca-cola.

Cuidados para pessoas com dificuldades em engolir líquidos

1. Não deve utilizar líquidos finos como água, sumo, chá, café, pois podem escapar mais facilmente para as vias respiratórias. Os líquidos devem ser espessados de acordo com a capacidade de deglutição do doente (aconselhe-se com o seu médico de Medicina Física e de Reabilitação e/ou Terapeuta da Fala).
2. A quantidade de espessante que acrescenta é o que define a consistência final do líquido: por ordem decrescente de espessura temos o líquido espessado a pudim, a creme, a mel e a néctar.
a. Pudim: Viscosidade 3000 mPa.s; não pode ser bebido por uma palhinha ou por um copo; deve ser ingerido com uma colher.
b. Creme: Viscosidade 1200 mPa.s; não pode ser bebido por uma palhinha, mas pode ser bebido por um copo ou ingerido com colher;
c. Mel: Viscosidade 450 mPa.s; pode ser bebido por palhinha ou copo.
d. Néctar: Viscosidade < 450 mPa.s; é similar a um néctar de fruta; pode ser bebido por palhinha ou copo
3. É importante que o espessante tenha resistência à amílase salivar (enzima que inicia a digestão dos alimentos na boca), que permita espessar bebidas quentes e frias e que, se possível, não altere o sabor, a cor e o cheiro das mesmas. Encontrará na embalagem do espessante a quantidade de produto necessário juntar ao líquido, para obter a consistência mais segura.

 
 

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