Como resultado de um AVC, podem ocorrer alterações diferentes, dependendo da área do cérebro lesionado. Estas alterações podem influenciar significativamente a sua independência e estilo de vida. Muitas destas alterações podem ser tratadas, de modo a conseguir a recuperação completa ou parcial, dependendo da intensidade da lesão.
Apesar de 1/3 dos doentes com AVC poderem não ficar com sequelas da lesão, é importantíssimo que sejam controlados os fatores de risco, para evitar que possa acontecer de novo.
O Médico Fisiatra (Médico de Medicina Física e de Reabilitação) coordena equipas multiprofissionais (com terapeutas, enfermeiros, e outras classes profissionais), cujo objetivo é otimizar o tratamento de reabilitação dos doentes, visando dar-lhes o máximo de autonomia e capacidade. É o Médico Fisiatra também responsável pela monitorização do percurso de reabilitação dos doentes.
Assim, as sequelas que podem ser identificadas depois de um AVC, poderão ser de:
Capacidade de movimentação e alteração da força muscular
A paralisia ou fraqueza dos músculos de um lado do corpo, a sensação dos músculos presos ou de rigidez ou a alteração da coordenação ou dificuldades de equilíbrio, podem ser sequelas do AVC.
Em regra, uma pessoa que tenha sofrido um AVC na parte esquerda do cérebro vai sofrer de fraqueza ou paralisia no lado direito do seu corpo, e vice-versa.
Estas mudanças podem afetar a postura, e podem causar dificuldade a caminhar, em engolir e em falar.
Sensibilidade
Pode ocorrer a diminuição ou alteração da sensibilidade em várias partes o corpo, podendo até sentir o corpo “encortiçado”, dor ou dormência
Comunicação
Lesões nas áreas da linguagem do cérebro podem levar a afeção da fala e competências linguísticas diminuídas (afasia).
A afasia é um distúrbio de linguagem com prejuízo para a comunicação. Neste caso, a habilidade intelectual pode ser mantida, mas pode perder, total ou parcialmente, a sua capacidade de usar a linguagem, expressar os seus desejos através da fala, compreender a linguagem falada, de ler ou de escrever. A dificuldade pode ser sentida no expressar de ideias supostamente simples, como a fome, no recordar os nomes de parentes próximos.
Deglutição (capacidade de engolir)
A dificuldade na deglutição (disfagia) reflete-se na dificuldade real em engolir, devido à função afetada dos órgãos de mastigação (lábios, língua, palato) ou no reflexo da deglutição.
Caso não sejam identificadas e tratadas, as alterações da deglutição podem levar a pneumonia causada pela passagem de comida para os pulmões (pneumonia de aspiração).
Perceção espacial
Como resultado do AVC, o doente pode perder a perceção de um lado do corpo, e assim, ficar incapaz de identificar ou reagir a estímulos significativos. Isto é mais frequente se tiver tido um AVC do lado direito do cérebro (ou seja, o lado esquerdo do corpo), em que pode acontecer um fenómeno conhecido como “negligência”.
Comportamento e emoção
Mudanças súbitas e repentinas do humor, passividade ou agressividade, dificuldade em controlar impulsos, entre outras alterações podem ser manifestadas, assim como um julgamento incorreto que pode levar a decisões inadequadas e contrárias a qualquer lógica aceitável ou passada.
Os problemas mais comuns após um AVC são a depressão e a ansiedade.
A depressão pode ocorrer como uma reação às alterações causadas pelo AVC, e/ou devido à localização da lesão no cérebro, e está presente em aproximadamente 1/3 dos doentes.
Cansaço
A fadiga (ou cansaço) após um AVC é um sintoma comum, não sendo o cansaço a que estava habituado, mas sim algo mais abrangente que o deixa “em baixo” física e psicologicamente. Isto pode acontecer tanto nos AVC mais graves, como nos menos graves.